Em alguns estados o retorno às aulas presenciais
já aconteceu. No Piauí ainda não, mas pais, alunos, professores e a sociedade
como um todo se preparam para este retorno, que será cercado de novos costumes
e cuidados.
A volta às aulas após isolamento social vai exigir de pais e alunos uma série
de adequações em comportamentos que as crianças e adolescentes ainda não estão
acostumados. O distanciamento social dentro do ambiente escolar será um deles.
Muitas as atividades que os pequenos mais gostam de fazer na escola não poderão
mais ser praticadas devido aos cuidados contra a transmissão do novo
coronavírus.
Segundo o psicólogo do Hapvida, Carol Costa
Júnior, é comum que depois de um longo tempo de distanciamento social, como o
que está sendo vivido por causa da pandemia da Covid-19, as crianças estranhem
o retorno ao seu ambiente de antes.
“É comum indivíduos que precisam fazer retiros, se isolar ficando muito tempo
distantes, voltarem sentindo uma certa resistência a se enquadrar de novo nos
padrões é o que chamamos de síndrome da cabana, isso acontece também com as
crianças”, explica o psicólogo. Não significa, porém, que qualquer
desconforto com a ideia de sair de casa nesse momento se enquadre na Síndrome
da Cabana.
Novas rotinas e novos hábitos
Na casa da mãe Katyane Marques, desde o início da pandemia que a conversa com
as pequenas Lara, de 4 e Mel de dois anos é bem franca. Um hábito de casa que
era o de correr e pegar tudo que vinha da rua logo foi o primeiro a ser
modificado. “Temos falado as questões de higiene, de estar limpando as mãos
sempre e tudo que vem da rua não pode pegar logo, tem que esperar limpar. No
início ela ficou questionando o porquê e então eu comecei a falar pra elas que
existia uma doença, um vírus lá fora que poderia vim nas coisas então quando
chegasse em casa tinha que primeiro limpar pra depois pegar”, conta mãe.
Como modo de auxiliar as crianças às novas rotinas e costumes do convívio
escolar, que serão introduzidos no retorno as aulas presenciais ele explica que
pais e professores podem conversar abertamente com as crianças fazendo com que
elas façam parte da luta. “Passando tarefinhas onde serão monitorados questão
como uso de máscara, lavagem das mãos o distanciamento social e os professores
e pais podem trabalhar em conjunto para que a criança seja reintegrada sem
maiores danos”, explica o psicólogo do Hapvida.
Com relação ao retorno das aulas o diálogo ainda não foi iniciado. Katyane
conta que a pequena Lara, que está no seu primeiro ano letivo, questionou muito
porque não podia ir para a escola, mas depois aceitou que ela não podia ficar
saindo de casa. “Por ver todo mundo usando máscara ela começou a cobrar a
máscara dela toda vez que vai sair de casa”, explica. Segundo Katyane Lara
ainda sente saudade da escola e pergunta quando irá voltar, mas acrescenta que
quando voltar vai ter que usar máscara.
O que é a síndrome da Cabana?
Com a necessidade do distanciamento social, muitos transtornos psicológicos
podem aparecer durante a pandemia. É o caso da Síndrome da Cabana. O termo,
criado nos Estados Unidos no ano de 1900, surgiu para explicar o hábito dos
caçadores, que praticavam o isolamento durante invernos rigorosos, mas não
queriam conviver em sociedade após o fim da estação. A síndrome da cabana é o
medo que a gente tem de sair de casa depois de um longo período de isolamento.
O cérebro passa a entender que só em casa estamos seguros. Hoje existe um medo
real do vírus, tem muita gente que está com medo de levar o lixo pra fora de
casa e estão confinados como numa prisão domiciliar.
AI Comunicações