Isabela Cruz-Geriatra |
É preciso quebrar o tabu de
que nossos pais e avós não têm desejo sexual, libido e uma vida sexual ativa
após os 60 anos e falar abertamente sobre o assunto. Há um potencial de se
tornarem cada vez melhores os hábitos sexuais quando a gente envelhece.
É o que atesta a geriatra
Isabela Cruz (CRM-GO 28.911), do Grupo Hapvida NotreDame Intermédica.
"Para a maioria das pessoas a figura do idoso está atrelada a alguns
estereótipos. É a pessoa que joga dominó, que faz crochê, que cuida dos netos.
Não faz parte do inconsciente coletivo a ideia de que idoso transa",
afirma. A desinformação é a principal causa do aumento de casos de doenças
sexualmente transmissíveis (DSTs) entre idosos.
Para ela, a sociedade atrela a sexualidade a características jovens, ou seja, com jovialidade, potência, virilidade, com o auge reprodutivo das pessoas, mas na verdade o idoso não só transa como exerce sua sexualidade. "Existe uma problemática muito grande da gente não abordar isso em consulta e nos meios de comunicação, porque isso traz uma barreira muito grande entre o idoso e o acesso a uma informação correta para uma sexualidade saudável".
Isabela Cruz lembra que é
preciso falar abertamente da vida sexual de idosos, conversar de uma forma mais
aberta para que as pessoas mais velhas tenham acesso a informações importantes.
"Muitas vezes o casal
passou a vida toda junto e um dos dois morre ou ocorre uma separação. O outro
cônjuge vai retomar sua vida sexual e não tem ideia de noções de prevenção, não
teve, ao longo da vida, acesso a informações sobre infecções sexualmente
transmissíveis. Esse tipo de informação precisa chegar aos ouvidos desta
população", alerta a especialista.
É que nos últimos 10 anos
houve um aumento de 103% de casos de HIV entre os idosos, além de um grande
número de casos de outras infecções sexualmente transmissíveis, como a sífilis,
por exemplo.
A libido na terceira idade também é um tabu que merece ser deixado de lado. A geriatra Isabela Cruz esclarece que, embora existam algumas alterações fisiológicas do envelhecimento da parte sexual que podem apresentar na mulher a demora na excitação e para chegar ao orgasmo; e no homem problemas relacionados a ereção e a ejaculação, a saúde sexual pode ser discutida e tratada com o auxílio de um médico.
Além disso, os hábitos sexuais
podem se tornar cada vez melhores com a exploração da própria sexualidade.
"Costumo dizer que o sexo não está relacionado apenas ao ato da
penetração. O sexo começa no 'bom dia', no carinho, atenção e respeito que temos
com o outro, na rotina dos trabalhos de casa, inclusive".
Isabela Cruz atende muitos
casais e afirma que além da penetração, os parceiros podem atingir o prazer de
outras formas: sexo oral, estímulo de zonas erógenas, utilização de brinquedos
eróticos, tornando a vida sexual na terceira idade até melhor do que foi
durante a vida inteira.
Para a médica, os idosos não
devem ter vergonha de falar com seu médico sobre seus problemas, queixas e vida
sexual, pois trata-se de um problema de saúde. "Aliado a isso, é
necessário que façam periodicamente sorologias para identificar possíveis
infecções sexualmente transmissíveis e sempre, utilizar preservativo em suas
relações sexuais.
Fonte: AICcomunicação